terça-feira, abril 29, 2014

Outro desabrigo

Somos feitos
da mesma substância
dessa manhã.

Ela é breve
como rosa
cuja beleza
resiste só um segundo!

Ela é frágil
como vidro
cuja inteireza
suporta pouco o uso!

Logo vêm
a tarde triste
a queda rápida
e a última noite.

No intervalo,
só há ruas vazias
de tudo.
E as pontes
não trazem nada.


Só a água do rio
nos alivia...
Cheios de cicatrizes...
E estamos
levemente
consolados...

Inventamos
motivos
pressas
afazeres
amores
contratos...
Fazemos casas
(sem portas
nem janelas
nem telhados...)

Quem sabe uma mão
ou outra
não carregue
arma...

E fique perto 
a distância
de um chamado
que talvez se ouça...

Mas mais motivos
há para chorar
nesse permeio...